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Os primeiros registros da história da música na Grécia

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Os primeiros registros da história da música na Grécia possuem uma forte ligação com a História do ocidente, principalmente a da Europa, que percorreu caminhos pelos quais a música sempre esteve presente, dada sua importância devido ao caráter evolutivo que se desenvolveu até os dias atuais. Assim, a música, particularmente, devido a essa evolução, adquiriu uma História paralela e, obviamente, ficou registrada para ciência da posteridade.

A partir do ano 800 a. C., quando se deu início a ascensão das cidades-estados gregas, passando pelo registro dos estudos de harmonia inaugurados por Aristóteles, em 320 a. C., passando ainda pelo nascimento de Jesus, até chegarmos à instituição de Constantinopla como a nova capital do Império Romano, em 330 d. C., a música passa a ter seus primeiros registros grafados em sua História, dando origem ao seu processo evolutivo.

A influência da igreja cristã

Categoricamente, podemos afirmar que a História da música do ocidente tem seu início marcado por forte influência da igreja cristã. Grécia e Roma foram protagonistas dos primeiros estudos sobre música que surgiram na Idade Média. Mas a música levou desvantagem no processo em termos de terem registros a ela relacionados disponíveis para consulta, o que não aconteceu com a literatura, com as artes plásticas e com arquitetura, já que os feitos produzidos ficavam disponíveis para imitação e/ou estudos posteriores.

Enquanto isso, a música ainda estava se desenvolvendo na questão da forma de registro das obras musicais. Para se ter uma ideia, os músicos da Idade Média não tinham conhecimento de exemplos produzidos a partir da música romanda ou grega, apesar da notável identificação de alguns hinos no período renascentista.

Por incrível que se possa parecer, os músicos e musicólogos da atualidade se beneficiam através da disponibilidade da reconstituição de algumas peças ou fragmentos de peças musicais gregas, ainda que tais peças tenham sido produzidas em época mais tardia da Idade Média, porém, abrangendo um período aproximado de sete séculos. Embora não tenhamos registros autênticos da música produzida na Roma Antiga, através de relatos verbais transmitidos ao longo dos tempos, sabe-se que a música era utilizada nas solenidades militares, no teatro, na religião e nos rituais daquela época.

Vale lembrar que a música romana produzida no início da Idade Média associava-se a práticas sociais que a igreja primitiva considerava como rituais pagãos e que mereciam ser eliminados; isso contribuiu ainda mais para a ausência de registros da História da Música relacionada à época.

A música na antiga Grécia

Há relatos de que algumas práticas musicais da época antiga sobreviveram durante a Idade Média. Tais práticas foram necessárias devido à própria evolução da música em si, questão de fundamental importância em se tratando de primeiros registros da história da música na Grécia. Inclusive elementos da teoria musical usados na antiguidade permaneceram sendo utilizados por muito tempo, entretanto, adquirindo novos aspectos à medida em que os séculos fossem passando.

Segundo a mitologia grega, a música tinha origem divina, sendo que se acreditava que seus inventores e primeiros intérpretes eram deuses e semideuses como Apolo, Anfião e Orfeu. A crença sobre os poderes mágicos da música era algo inerente ao que se acreditava na época; o povo da época acreditava que a música curava doenças, bem como que servia para a purificação do corpo e do espírito. Há relatos, no Antigo Testamento, dos poderes de cura atribuídos à música.

A música monofônica na Grécia Antiga

A música sempre foi elemento associado às cerimônias religiosas, assim, inclusive permanece até os dias atuais. A exemplo disso, a lira era o instrumento musical que deveria estar sempre presento no culto de Apolo; já no culto de Dioniso, o aulo era o instrumento escolhido. Acredita-se que tanto a lira, quanto o aulo, foram levados para a Grécia oriundos da Ásia Menor. Na maioria das vezes, a lira e a citara eram os instrumentos musicais utilizados no acompanhamento de poemas épicos.

No culto de Dioniso, que por certo foi influenciado pelo teatro grego, o aulo, que não pode ser confundido com uma flauta, era um instrumento de palheta simples ou dupla que produzia um som estridente e penetrante, associado ao canto de um certo tipo de poema.

Com o passar do tempo, os estudos de música ia se tornando mais popular, o que chamou a atenção de Aristóteles, que passou a ser contra a formação de profissionais da música e ao ensino da teoria musical a pessoas comuns da sociedade grega. Por volta de 400 a. C. existiu, na Grécia, um movimento pela simplificação da teoria musical a ser ensinada aos futuros profissionais da música.

Como já dito anteriormente, os fragmentos conhecidos acerca da música grega são tardios, porém importantes para serem relacionados aos primeiros registros da história da música na Grécia,sendo que um dos mais importantes remete a um coro de Orestes de Eurípedes (de aproximadamente 340 a. C.), o qual fora escrito em papiro datado do ano 200 a. C.. Entretanto, há também registros de dois hinos délficos a Apolo, completos e datados de 128 a. C.. Além desses, há outros raros registros musicais de composições preservadas pelos gregos.

A música da igreja primitiva possui muita semelhança com a música grega no que tange a muitos aspectos fundamentais, sendo que a característica mais marcante remete ao fato de ser uma música classificada como monofônica (melodia simples sem que houvesse acompanhamento ou contraponto). A heterofonia também estava presente quando um determinado instrumento da época era utilizado como acompanhamento das melodias executadas por um ou mais cantores.

Vale lembrar que mesmo a heterofonia ou o canto em oitavas podem ser classificados como sendo uma polifonia. Outro aspecto importante em relação à música grega diz respeito ao improviso, presente em sua maioria. A música grega da época era sempre associada à recitação de poemas e a algum tipo de dança, ou a ambos.

VEJA TAMBÉM:

Conceito de som e música
História breve da música ocidental
Conceituação de harmonia

BIBLIOGRAFIA

BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V.. História da Música Europeia. Lisboa: Bertrand, 1964.
BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
STEHMAN, Jacques. História da Música Ocidental. 2ª edição. Portugal: Gradiva, 2001.